Penso muito nela, de como era tão autónoma, tinha a casa cheia nas férias de verão e nas principais festividades (Natal, Páscoa, ...), das broas que cozia no forno de lenha e das mini broas que fazia para os netos (e eram tão boas quentinhas e com a manteiga a derreter), de como chorava quando íamos de partida no final das férias grandes de verão...
Depois algo mudou, o filho mais novo faleceu, depois o marido, a casa foi-se tornando demasiado grande para uma só pessoa. Os netos foram crescendo, a vida foi seguindo em frente e nem sempre conseguíamos lá ir passar férias. Mas lá foi resistindo na sua casa, até que um dia, já apoiada pelo centro de dia, dão pela sua ausência e é encontrada caída no chão do quarto, por pouco morria sozinha como acontece a tantos velhotes.
Agora está num lar, "sozinha", tem dois filhos vivos mas foi para um lar (em parte derivado a problemas de saúde que tem, o último Natal passado em casa dos meus pais foi um susto para eles, já que desmaiou, tiveram de ir com ela para o hospital e foi a própria que pediu para regressar para o lar).
A minha avó, que perto dos 70 anos ainda lavava os pés dentro do tanque (como é que conseguia colocar as pernas ao alto?) e fazia a sua horta, agora (aos 87 anos) precisa de um andarilho para andar e já nem recomendam a sua saída do lar em dias de frio..
(O tempo não para e por vezes é mesmo cruel)
Fomos lá no dia do seu aniversário, a nora (do filho falecido), o genro, a neta e os bisnetos. O filho não foi (sabe-se lá porquê?) a filha também não devido a tratamentos médicos.
E percebemos que ficou contente por ter com quem partilhar o seu bolo de aniversário.E os restantes companheiros de lar ficaram contentes por ver 3 crianças por ali, meteram-se com eles e no final houve quem me agradecesse ter lá ido.
A minha avó teve 3 filhos e agora está sozinha num lar. E nem no Natal ou no aniversário teve a presença dos filhos.
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